Nesse meu pedaço, vou pintar a vida, fazer dela água colorida, lambugem, colagem, enquadrar meu próprio ponto de vista.
domingo, 30 de agosto de 2009
Espelho
Não vejo como não desejar a hora de chegar um tempo em que poderemos ser todos de tudo um pouco. Quero queimar argila, arquivar velhas fotos, pintar com tinta em tela boa e só imprimir aquilo em que acredite de verdade.
Castelos no ar
Ele chega sempre com tom despretencioso: quero que veja uma coisa. Com a mesma deixa, vez em sempre, me ensina que a vida só é possível quando nos atrevemos a ver castelos no ar. O outro: você nem vai me dar boa noite? Diante da insistência, lembro-me de que castelos...sempre há e haverá!
domingo, 19 de julho de 2009
Tiê!
A compositora dizia ter encontrado uma forma própria de produzir sua música intimista. Ela é direta, sem metáforas. Só rindo! Com o violão ao peito, sem muita afinação, canta suas certezas com os olhos de uma águia que acaba de aprender a voar.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Orion II
Nunca mais vou ouvir o timbre grave ecoando o nome da flor que mora ao lado. Minhas lembranças sussurram cantigas de uma infância que há muito se perdeu. Hoje, foi o dia de voltar pra casa. Agora já é hora de estar no tempo que abriga os vieram muito antes de nós. Essa é a lei que faz de nós uma metonímia de nós mesmos. Fez de si, a palavra que lhe deu nome aqui. Olion. Seja o Orion! Tome o lugar que é seu.
domingo, 5 de julho de 2009
Tá dando onda

http://brnehring.blogspot.com/
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Roupa no varal

quinta-feira, 18 de junho de 2009
Orion

sábado, 13 de junho de 2009
Labirinto
Santânica entrada reveladora da limitude do eu. Maldita minutagem disparada no encontro com o todo. Doida vontade daquilo que os olhos nunca aprenderão a ver. Desvendar-te? Só para aqueles que, diante de tudo, não fogem do agora.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Cogente

Aprendi ontem a palavra cogente. O amigo que me apresentou a ela me disse ser sinônimo de uma daquelas expressões latinas nada modalizadoras. Essa tenho repetido vida afora. Sabe aquela idéia sem a qual a vida perde em graça? Por ela, revisto de vida o dia. Aprendi a fazer isso diante da letra de D. Ormy, com o olhar de toda tarde no pico que se indica em direção ao azul, ouvindo o barulho cauteloso do rio Itapemirim. Depois de tanto, para que tanta importância a algo que se imponha pela lógica. Nem mesmo a uma palavra nova. O que quero agora é que a vida se me revele, como ontem, co(n)gente.
domingo, 24 de maio de 2009
A menina de cá
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Feitiço novo
A lua brilha nova todo tempo. Olhar para sua sombra é sempre novo tropeço. Diante da minha Medusa morta, a vida me atiça um feitiço novo.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Lembrança nua
O brilho da lembrança daquele dia escancara a minha pupila. Meu corpo eriçado enrosca-se no travesseiro. No dia em que o Rio pára, agradeço a Ogum. Você continua sendo meu gozo e minha redenção.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Transparência opaca
A menina não se ilude, sabe que aquele tijolo transparente é esfinge, cega os olhos de quem procura decifrá-los sem saber bem por onde começar. Por que se atreve tanto?
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Herança
Sei que herdo. Tenho marcas profundas daqueles e daquilo que trago em mim. Antecipo algumas tantas outras daqueles que me esperam. A esquina é logo ali. Não sou herdeira. Não preciso dizer obrigada. Nem de nada. Meus ombros não suportam mais o mundo. Com os olhos fixados nele, sei apenas do que herdo.
domingo, 12 de abril de 2009
Lugares em mim
"Dante escreve que na entrada do mundo que está por vir - na entrada do paraíso - passaremos por dois rios, o rio do esquecimento dos malfeitos e o rio da recordação das boas ações." Essa entrada, celebrada em versos, molhada, deve ter as cores fortes do outono do norte e a brisa fresca das manhãs do sul.... Não sou poeta e me avisto sempre diante da entrada do mundo que está por vir. Escorrego no lodo de margens traiçoeiras. Tenho certeza de que paraíso e inferno são lugares em mim.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Hospital
Esse é lugar do exercício da espera, do silêncio, da tolerância, da temperança. Escola em que sou, atenta, a última da fila.
Quixote
Gosto de livrarias: Travessa, Quixote, Status. Gosto, sobretudo, daquelas com café (expresso). Lugar de profundo silêncio e de muitos tipos diferentes de barulho. Na Quixote, sinto-me invadida. Nesta vinda, uma estranha me invade com o olhar. Saiu e voltou. Outro café, um cigarro. E aquele olhar invasivo, de bicho no cio, me desconcerta, busca minha desconcentração. Fico. Continuo focada. A travessia desassossegada é dela. Não minha. O expresso sobre a mesa é meu. Não dela. O texto (meu e dela) está por ser escrito. E será!
Texto escrito em uma manhã ensolarada e quente do fim de março.
Texto escrito em uma manhã ensolarada e quente do fim de março.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Sem atraso ou adiantamento
Como passou rápido esse tempo. Ontem, comprei-lhe overseas aquela lembrança. Era pequena...algo feito pelo homem para, em partes, organizar a vida, o dia-a-dia. Não deu tempo! Tentei, carreguei comigo todo tempo. Não deu o tempo! Dois atrasos. Dois adiamentos. Vários encontros. A vontade guardada para daqui a pouco, deixando-se seduzir pelo mais adiante. A semana que vem não vem mais. E agora, menina?! Quando faremos? Outro tempo. Será? Tudo, o novo, acontece ao amanhecer. Assim, será com o que ficou por ser. Esse é o tempo de desenhar um modo novo de organizar a vida, o dia-a-dia, a nossa meninice. Dessa vez, sendo por ser, no agora...sem atraso ou adiantamento.
Para Malu, com quem passaria muito mais tempo conversando sobre a vida, sobre os filhos e a dimensão sociointeracional da linguagem.
Para Malu, com quem passaria muito mais tempo conversando sobre a vida, sobre os filhos e a dimensão sociointeracional da linguagem.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
O tempo da espera
A senhora sentada à minha frente ensaia um olhar distante, cansado pelo tempo que espera da vida a devida atenção. Os cabelos, longos, amarrados na nuca, brancos, cinzas, revelam o tamanho do tempo. Dentro do tênis de couro, muito branco, da saia preta, abaixo do joelho, da blusa em listas horizontais, coloridas demais, esconde-se a dona de um tempo preguiçoso que a faz bocejar. O sono discreto, apoiado na mão, revela um braço forte. A mulher tem no trabalho o companheiro de bodas. Agora, o menino é beijado, pequeno, aninhado. A avó sentada não é mais a senhora dos próprios olhos. Em silêncio, o menino reina. As duas mulheres, em reverência, continuam à espera do tempo. Em silêncio, revelam ao menino a frágil certeza de que Hermes não tarda.
Ontem
A casa com quintal úmido, cheio de lodo. A família negra, o tocador de violão, o caixão. A morte primeira. O cheiro das flores e das cores que se escondem...o amarelo revelado na vida.
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